(imagem cedida por Mário Ferreira)
Jorge Palma no Coliseu dos Recreios
Com uma grande plateia VIP, Palma merecia mais feedback do público! Principalmente quando se senta ao piano e mostra porque é que é um dos melhores músicos portugueses!
Primeiro impacto ainda antes do concerto: estranheza!
Estava eu a acabar de arrumar o carro e noto muito pessoal mais velho (com os seus 40 e 50 anos) com um estilo muito “tio” e “tia” e mesmo os mais novos com o seu polozito e tudo muito bem arranjado.Pensei eu com os meus botões: “Queres ver que me enganei no concerto??” . Andei mais uns passos e finalmente começo a encontrar o pessoal novo, com um ar mais maltrapilho (como eu, no fundo...).
A entrada no Coliseu confirmou mesmo esta primeira impressão: o público de Jorge Palma é tão heterogéneo quanto possível: temos os tios, as tias, os freaks, os nerds, os velhos, os novos, os homens e as mulheres.
Jorge Palma é hoje consensual. Sempre considerado pela crítica como um músico brilhante e autor das canções mais fantásticas da música portuguesa, a imagem de boémio nunca o largou e chegou a passar a certa altura a imagem de “cantor marginal”. Mas por volta de 2002, 2003 (na altura do Best of e do disco ao vivo “No tempo dos assassinos”), parece que toda a gente acordou para a vida! Inclusive as rádios (ou se calhar, principalmente as rádios!!). E foi justamente com a abertura de “RFM apresenta...” que se iniciou o concerto.Irónico, não??
Antes disso, um pequeno aparte para a lista VIP que eu tenha visto. Era “só” composta por: Ricardo Araújo Pereira, David Mourão Ferreira, João Afonso, Pedro Rolo Duarte, Olavo Bilac, Fernando Cunha, Zé Pedro e o grande mestre Sérgio Godinho (a quem todos, sem excepção, fizeram questão de ir cumprimentar)!! Estes foram apenas os que eu vi. Mas imagino que houvessem mais, muitos mais. O que também mostra a amizade que existe entre os músicos portugueses (bem evidente também no vídeo de “Encosta-te a mim”).
Com os seus Demitidos e apresentando o seu último disco, Jorge Palma “ataca” a audiência com “Rosa Branca”, sendo que a restante setlist foi a seguinte: “Voo Nocturno”, “Só”, “Vermelho Redundante”, “Quarteto da Corda”, “Norte (o meu)”, “Olá (Cá estamos nós outra vez)”, “Abrir o Sinal”, “Bairro do Amor”, “Encosta-te a mim”, “Frágil”, “Dá-me Lume”, “O Centro Comercial fechou”, “Valsa de um homem carente”, “Estrela do Mar”, “Gaivota dos Alteirinhos”, “Casa do Capitão”, “Finalmente a sós”, “Portugal, Portugal” e como encore “Canção de Lisboa” e “A Gente Vai Continuar”.
Momentos altos?
Desde o primeiro arrepio com “Só” ao aplauso profundo e sentido à melhor música do seu último álbum “Olá (Cá estamos nós outra vez)”. Se em álbum, esta música tem um crescendo fantástico, ao vivo é completamente avassalador. Se juntarmos a isto um jogo de luzes muito bem conseguido, temos claramente um dos melhores momentos da noite!
Além disso, houve o já habitual esquecimento da letra por parte de Jorge Palma (desta vez calhou em “Dá-me Lume”) aplaudido por todos! Para o final, em “Portugal, Portugal” juntaram-se 4 guitarras em palco, sendo que uma delas era a de Flak dos Rádio Macau!
Pontos fortes?
Palma ao piano! Não é que a banda não seja boa. Bem pelo contrário. Mas é com Palma sentado ao piano, com as luzes focadas nele que a sua música ganha toda uma aura fantástica! “Só”, “Bairro do Amor”, “Estrela do Mar”, “Canção de Lisboa” e “O Centro Comercial fechou” são disso exemplos gritantes!! Momentos arrepiantes!
Pontos fracos?
Pareceu-me existir alguma “vergonha” do público em acompanhar Jorge Palma. Palma foi comunicativo q.b, mas tirando umas “bocas” que o pessoal ia mandando e que Palma respondeu sempre à letra, o público esteve um pouco apagado. Jorge Palma merecia mais.Ah, e outro ponto fraco: não houve “Terra dos Sonhos”...Falha grave! Lol
Moral da história?Palma esteve bastante bem, a setlist foi muito bem escolhida e Palma conseguiu sempre imprimir um ritmo muito forte à actuação! As músicas do novo álbum também ajudam muito porque realmente estão muito bem conseguidas.
Se calhar, merecia um pouco mais de “público” que puxasse mais pelas músicas e que não fosse apenas o “aplauso da ordem” no final de cada uma delas. E se calhar, esse público também deveria ter ouvido um pouco de Jorge Palma antes de ir para o concerto.
Sei que Palma está na moda e que começa a ser “in” ir ver Jorge Palma. Mas já agora, façam o trabalho de casa e ouçam uns disquitos dele...
RobertNaja, hoje às 9:58 Editado por Blitz
( agradecimento a Ana Coelho)
Jorge Palma : Em voo rasante no Coliseu dos Recreios
Poeta, cantor, desalinhado. Autor e compositor e um mestre a criar canções. Um mestre da palavra escrita e cantada. Um cantor que ganhou asas e voou. Num voo nocturno.
A entrada em palco foi tranquila. De guitarra na mão apresentou-se ao público com «Rosa Branca». Um momento de rock para abrir o concerto esgotado, de ontem à noite, no Coliseu dos Recreios.
E assim começou uma espécie de voo rasante sobre o amor, confirmado logo na música seguinte: «Voo Nocturno». A faixa que deu o nome ao último álbum foi retirada do imaginário de Saint-Éxupery e fala-nos de um Jorge Palma que se «sente mais leve do que o ar». E que não resiste - «sem saber resistir (...) não sei onde vou acordar».
Jorge Palma é um poeta de voz rouca. Um homem de palavras escritas. Escritas para cantá-las. Mas um homem de poucas palavras em palco. Talvez porque jurou fidelidade à escrita, viajou de música em música à guitarra ou ao piano sem grandes comentários. Não é um show man. Pelo contrário. Aparenta simplicidade mas muita sensibilidade. E foi dando pistas: «Só por existir/Só por duvidar/Tenho duas almas em guerra/E sei que nenhuma vai ganhar» disse-nos no tema «Só».
«Vermelho redundante» e «Quarteto de Corda» foram os temas que antecederam o primeiro desabafo ao microfone «É tão bom!». Uma resposta de Jorge às palmas que traduziram desde cedo o agrado do público.
«Olá (cá estamos nós outra vez)» foi o primeiro momento intimista da noite. Sentado ao piano desafiou as notas para acompanhar «Entre o ócio e as esquinas/Ganhei o vício da estrada». Um tema melancólico com uma batida forte.
As palmas, essas, também foram fortes, mas mesmo assim não conseguiram abafar o grito de alguém da plateia «Ó Jorge!» O músico respondeu: «Mas não sei o teu nome...»
Mas o público sabia e acompanhou em coro «o Bairro do amor». Jorge pareceu contente, soltou um grito e agradeceu ao amigo Cristovão, à Inha e à Paula Freitas todo o apoio.
Também não esqueceu o público e aproveitou para finalmente o brindar com o tão desejado «Encosta-te a mim».
O passado foi ainda revisitado com os temas «Frágil» e «Dá-me lume» que antecederam o momento de passar à crítica social. «O Centro Comercial fechou» é uma balada tocada ao piano que vai contando uma história. Do passado e do presente porque «enquanto houver saúde/há que cuidar do aspecto, fazê-lo parecer natural/por mais que seja cruel, não há ninguém que ajude».
«Valsa de um homem carente» e «Estrela do mar» antecederam «Gaivota dos Alteirinhos». Um tema que nos fala da praia dos Alteirinhos, na Zambujeira do Mar, um paraíso do qual Jorge Palma é fã, foi acompanhado pelo som do acordeão de Gabriel Gomes.
E não faltou o pássaro que assim voltou ao cenário. Ao longo de todo o espectáculo o público pode observar o mesmo pássaro que surge na capa do CD a surgir e a desaparecer do cenário. Os mais criativos podem imaginá-lo a voar sobre o palco e a pairar, sempre que solicitado, por cima da cabeça de Jorge Palma. Uma imagem projectada que dá ao público mais atento a sensação de movimento. Como se de um voo se tratasse! Um voo nocturno
«Ai, Portugal, Portugal/De que é que tu estás à espera?» ganhou ritmo para a despedida de Jorge Palma e a banda «Os Demitidos». Vários focos de luzes a rodar na direcção da plateia anunciavam o fim do espectáculo. Porque depois de apresentar os músicos um a um, Jorge Palma abandonou o palco sem mais palavras.
Essas ficaram bem guardadas para serem cantadas no único encore da noite. Depois dos aplausos insistentes da plateia, Palma regressou e afirmou ir cantar apenas mais «duas para a estrada». A mesma a que a meio do concerto se referiu dizendo que «pode matar, mas dá muito gozo!»
«Canção de Lisboa» foi um tema dedicado aos lisboetas que disseram presente no Coliseu dos Recreios mas «A gente vai continuar» encerrou definitivamente o espectáculo. Talvez um aviso à navegação: «Enquanto houver estrada para andar, A gente vai continuar»
Reportagem de Irene Pinheiro, in http://www.musica.iol.pt/
Jorge Palma no Coliseu dos Recreios: Frágil
O que poderia ter sido uma noite de festa acabou transformada em semi-desilusão. As brilhantes canções de Jorge Palma acabaram atraiçoadas por algum desleixo, evitável.
Dizem as más-línguas que já não tem graça ver Jorge Palma em cima de um palco sem estar ébrio, incapaz de encontrar o microfone ou sequer de não acertar uma letra. Não terá sido que se passou nos Coliseus dos Recreios mas a noite de celebração de uma carreira acabou por se ficar pela intenção.
Com a voz afectada por uma faringite aguda e um espectáculo mal preparado, foi difícil disfarçar algumas das fragilidades que Jorge Palma apresentou ao longo do seu percurso. «Vamos ver o que esta dá», disse a determinado momento, mas a responsabilidade era demasiado grande para entregar aquele momento ao acaso.
O alinhamento incoerente e com demasiadas pausas entre as canções quase fez esquecer brilhantes passagens por «Frágil», «Só» e «Na Terra dos Sonhos». De resto, foi sozinho, sentado ao piano, que Jorge Palma, mais uma vez, se mostrou à vontade, ao contrário do tempo em que foi acompanhado pelos Demitidos.
Não se trata de uma questão de falta de qualidade da banda, bem pelo contrário, mas de interacção, para que desastres como «Dá-me Lume», sejam evitados. De resto, a duração reduzida do espectáculo (cerca de uma hora e meia) acabou por não ser contestada pelo público, o que não é um bom sinal.
Davide Pinheiro, in Diário Digital
(agradecimento a Maurette Brandt)
Palma em lume brando
Jorge Palma apresentou-se, anteontem, em palco perante um Coliseu dos Recreios lotado e durante cerca de hora e meia desfilou uma série de êxitos antigos, cruzados com as novidades do recente disco, "Voo nocturno".
Na plateia, o público raramente manifestou extâse, além, claro, dos habituais aplausos da praxe. Nesse sentido, o ambiente da sala foi sempre morno.
Habitualmente conotado com uma postura ébria, displicente e até irresponsável, dir-se-á que, desta vez, Jorge Palma até se portou bem. Mandou uma ou outra piada, respondeu a um ou outro comentário do público, mas não armou grandes fitas - e ainda bem.
Todavia, e como seria de esperar, foi notório que a assistência reagia melhor aos momentos em que Palma se entregava às canções mais despojadas de instrumentos.
O arranque, com "Rosa branca", por exemplo, afigurou-se demasiado rockeiro para uma sala em que toda a gente via o concerto sentada.
A sua banda - os Demitidos - é composta por bons músicos, sim, mas os arranjos nem sempre pareceram os mais adequados para aquele contexto. Salvou-se, todavia, a guitarra slide de Marco Nunes.
De resto, o espectáculo só ganhava encanto nos momentos em que Palma se sentava ao piano ou colocava a guitarra ao peito apenas acompanhado pelo seu filho, Vicente Palma, como em "Abrir o sinal" ou "Bairro do amor", por exemplo. Ainda assim, canções como "Encosta-te a mim", o último single, ou "Frágil", ambas com a banda, foram dos momentos mais aplaudidos da noite.
Jorge Palma abandonou o palco 90 minutos depois de lá ter entrado. Na assistência, não faltou quem achasse que soube a pouco. Ontem à noite, o cantor terá dado um segundo concerto na sala lisboeta.
Hoje, é a vez da Invicta. A partir das 22 horas, Jorge Palma apresenta-se no Coliseu do Porto. Todavia, já não há ingressos disponíveis, uma vez que a elevada procura fez com que a lotação esgotasse há já alguns dias. Resta tentar a sorte no mercado negro.
Entretanto, o cantor continua a ver "Voo nocturno" em primeiro lugar do top nacional dos discos mais vendidos, prosseguindo à frente de "Concerto em Lisboa", da fadista Mariza, e de "Lado a lado", de Mafalda Veiga e João Pedro Pais.
Cristiano Pereira, in Jornal de Notícias
Coliseu encheu para celebrar o " fenómeno" Jorge Palma
Concerto repete-se hoje em Lisboa e amanhã no Porto, sempre no Coliseu.
Foi ao som de Rosa Branca que Jorge Palma entrou em cena para uma noite que, à partida, parecia ganha tal o entusiasmo logo manifestado nos instantes que antecederam a subida ao palco. Palmas ao compasso, e muita electricidade, com a banda a mostrar, desde logo, que faz parte do corpo das novas canções do músico. A Voo Nocturno voltou para o segundo tema. À terceira música, Jorge Palma sentou-se ao piano e, aí, nasceu o primeiro grande momento desta noite de celebração. A plateia reconheceu as notas de Só e reagiu ainda mais calorosamente. Aplausos são muitos. E alguns cantam com Palma, mostrando saber as letras de cor. Já o esperávamos, mas era chegada a hora da constatação: o triunfo, mesmo com uma voz longe do seu melhor, confirmava-se.
Jorge Palma é um nome que há muito faz parte do imaginário social mas nunca como hoje a sua popularidade foi tão grande. Um Coliseu dos Recreios esgotado há uma semana recebeu em delírio um contador de histórias que tanto retrata Jeremias, O Fora da Lei como se imagina Na Terra dos Sonhos.
Em fase de recordar memórias da juventude, Palma faz-se rodear de uma banda (Os Demitidos) impecável na maneira como transporta as histórias para um som muito próximo dos anos 70, facção Neil Young. Mas Palma é também ele um roqueiro e põe toda a gente a cantar um Dá--Me Lume carregado de electricidade, mesmo que grande parte do público prefira ouvi-lo ao piano.
A noite pôde até servir para apresentar o disco mais bem sucedido da sua carreira (Voo Nocturno), curiosamente um dos menos "abençoados" pelos fãs de longa data. Mas está todo um percurso de 35 anos em causa, singular, diferente de alguns outros cantautores de referência como Sérgio Godinho ou José Mário Branco.
Bem-disposto como sempre, dirigindo-se ao público de forma amiúde e sempre com simpatia, a passagem pelo Coliseu dos Recreios serviu também para comemorar um feito inédito: o de ter chegado ao primeiro lugar do top nacional de álbuns, resultado de anos a fio na estrada e a gravar de forma mais ou menos regular. Ouviram-se todos os clássicos que foi capaz de assinar, cantados em coro até ao último camarote da mais bela sala lisboeta.
Ao contrário do que é habitual num espaço como o do Coliseu dos Recreios em noite de grande festa, a plateia mostrava filas de cadeiras bem arrumadas. Completamente preenchidas. A sala, de resto, compôs-se bem antes do início do concerto, o que não evitou que houvesse os habituais retardatários.
Foram muitas as figuras conhecidas que não deixaram de comparecer numa grande festa. Alguns amigos e companheiros de trabalho, muitos admiradores e os fãs que o acompanham por tudo quanto é sítio. A festa repete hoje, mas com câmaras atentas para futura edição em DVD.
Reportagem de Davide Pinheiro, in Diário de Notícias
8 comentários:
Deixo aqui a reportagem da Blitz...eu estive lá, claro! Gostei muito, muito...mas não posso deixar de concordar que a passividade do público me surpreendeu, até porque eu não parei! Neste aspecto, acho que o público se podia ter encostado mais ao Jorge!!!
AC
Jorge Palma no Coliseu dos Recreios
Com uma grande plateia VIP, Palma merecia mais feedback do público! Principalmente quando se senta ao piano e mostra porque é que é um dos melhores músicos portugueses!
Primeiro impacto ainda antes do concerto: estranheza!
Estava eu a acabar de arrumar o carro e noto muito pessoal mais velho (com os seus 40 e 50 anos) com um estilo muito “tio” e “tia” e mesmo os mais novos com o seu polozito e tudo muito bem arranjado.
Pensei eu com os meus botões: “Queres ver que me enganei no concerto??” . Andei mais uns passos e finalmente começo a encontrar o pessoal novo, com um ar mais maltrapilho (como eu, no fundo...).
A entrada no Coliseu confirmou mesmo esta primeira impressão: o público de Jorge Palma é tão heterogéneo quanto possível: temos os tios, as tias, os freaks, os nerds, os velhos, os novos, os homens e as mulheres.
Jorge Palma é hoje consensual. Sempre considerado pela crítica como um músico brilhante e autor das canções mais fantásticas da música portuguesa, a imagem de boémio nunca o largou e chegou a passar a certa altura a imagem de “cantor marginal”. Mas por volta de 2002, 2003 (na altura do Best of e do disco ao vivo “No tempo dos assassinos”), parece que toda a gente acordou para a vida! Inclusive as rádios (ou se calhar, principalmente as rádios!!). E foi justamente com a abertura de “RFM apresenta...” que se iniciou o concerto.
Irónico, não??
Antes disso, um pequeno aparte para a lista VIP que eu tenha visto. Era “só” composta por: Ricardo Araújo Pereira, David Mourão Ferreira, João Afonso, Pedro Rolo Duarte, Olavo Bilac, Fernando Cunha, Zé Pedro e o grande mestre Sérgio Godinho (a quem todos, sem excepção, fizeram questão de ir cumprimentar)!! Estes foram apenas os que eu vi. Mas imagino que houvessem mais, muitos mais. O que também mostra a amizade que existe entre os músicos portugueses (bem evidente também no vídeo de “Encosta-te a mim”).
Com os seus Demitidos e apresentando o seu último disco, Jorge Palma “ataca” a audiência com “Rosa Branca”, sendo que a restante setlist foi a seguinte: “Voo Nocturno”, “Só”, “Vermelho Redundante”, “Quarteto da Corda”, “Norte (o meu)”, “Olá (Cá estamos nós outra vez)”, “Abrir o Sinal”, “Bairro do Amor”, “Encosta-te a mim”, “Frágil”, “Dá-me Lume”, “O Centro Comercial fechou”, “Valsa de um homem carente”, “Estrela do Mar”, “Gaivota dos Alteirinhos”, “Casa do Capitão”, “Finalmente a sós”, “Portugal, Portugal” e como encore “Canção de Lisboa” e “A Gente Vai Continuar”.
Momentos altos?
Desde o primeiro arrepio com “Só” ao aplauso profundo e sentido à melhor música do seu último álbum “Olá (Cá estamos nós outra vez)”. Se em álbum, esta música tem um crescendo fantástico, ao vivo é completamente avassalador. Se juntarmos a isto um jogo de luzes muito bem conseguido, temos claramente um dos melhores momentos da noite!
Além disso, houve o já habitual esquecimento da letra por parte de Jorge Palma (desta vez calhou em “Dá-me Lume”) aplaudido por todos! Para o final, em “Portugal, Portugal” juntaram-se 4 guitarras em palco, sendo que uma delas era a de Flak dos Rádio Macau!
Pontos fortes?
Palma ao piano! Não é que a banda não seja boa. Bem pelo contrário. Mas é com Palma sentado ao piano, com as luzes focadas nele que a sua música ganha toda uma aura fantástica! “Só”, “Bairro do Amor”, “Estrela do Mar”, “Canção de Lisboa” e “O Centro Comercial fechou” são disso exemplos gritantes!! Momentos arrepiantes!
Pontos fracos?
Pareceu-me existir alguma “vergonha” do público em acompanhar Jorge Palma. Palma foi comunicativo q.b, mas tirando umas “bocas” que o pessoal ia mandando e que Palma respondeu sempre à letra, o público esteve um pouco apagado. Jorge Palma merecia mais.
Ah, e outro ponto fraco: não houve “Terra dos Sonhos”...Falha grave! Lol
Moral da história?
Palma esteve bastante bem, a setlist foi muito bem escolhida e Palma conseguiu sempre imprimir um ritmo muito forte à actuação! As músicas do novo álbum também ajudam muito porque realmente estão muito bem conseguidas.
Se calhar, merecia um pouco mais de “público” que puxasse mais pelas músicas e que não fosse apenas o “aplauso da ordem” no final de cada uma delas. E se calhar, esse público também deveria ter ouvido um pouco de Jorge Palma antes de ir para o concerto.
Sei que Palma está na moda e que começa a ser “in” ir ver Jorge Palma. Mas já agora, façam o trabalho de casa e ouçam uns disquitos dele...
RobertNaja, hoje às 9:58
Editado por Blitz
Aqui vai outra reportagem que encontrei:
Jorge Palma: o voo de um 'velho jardim'
"Há quem diga que Jorge Palma não é um artista consensual, que ou se ama ou se odeia. Mas independentemente disso, ele é consensualmente considerado um dos melhores músicos portugueses e ontem muitos dos seus pares - Sérgio Godinho, Mafalda Veiga, Zé Pedro, Olavo Bilac ou Fernando Cunha (Delfins) - fizeram questão de marcar presença no Coliseu dos Recreios, numa apresentação especial de "Voo Nocturno", o mais recente álbum do cantor.
Acompanhado pelos Demitidos, a banda que o tem secundado nos seus concertos e que trabalhou no seu último disco, Jorge Palma apresentou-se em palco de sorriso aberto, passo deambulante e ar boémio, enviando expressões soltas para o público, com quem foi partilhando as hesitações habituais e bem-humoradas na escolha com a banda, da canção a tocar a seguir. Até porque a memória já vai perdendo norte a muitas das letras. As de "Voo Nocturno", mais frescas, marcam o início do espectáculo, ao som de 'Rosa Branca'. Com a voz bastante rouca ao longo de toda actuação, na entrada do primeiro tema do mais recente disco Jorge Palma demorou um pouco até acertar o tom. 'Voo Nocturno', o tema título, asseguraria a confirmação da segurança adquirida, apoiada pela qualidade da banda que coloriu muitos dos temas do músico, dotando-os de texturas e arranjos diferentes e trazendo-lhes uma maior luminosidade.
Isso mesmo se viu nos momentos mais intimistas e confessionais, onde Jorge Palma passa da guitarra para o piano. Nesse formato, 'Só' foi o primeiro clássico da noite e o impulso para os coros se soltarem de forma mais aberta e ampla. Foi também a partir daí que se começaram a suceder os pedidos pelas preferidas. 'Jeremias, o Fora da Lei', 'Terra dos Sonhos', 'Estrela do Mar', gritava o público das galerias, mas das três só esta última seria tocada, num momento em que os coros entusiásticos do pedido se calaram para ouvir Palma sozinho ao piano.
'Quarteto da Corda', do novo disco, acentuou a tónica blues e mostrou que há já hinos prestes a despontar, além de 'Encosta-te a Mim' (também tocada) do álbum que deu a primeira platina ao cantor. 'Abrir o Sinal', também das novas, deixou entrar o filho do cantor, que o chamou com um tom paternal imperativo: «Vicente para o piano, se faz favor». Filho ao piano e pai à guitarra, o momento familiar ficaria completo já a duas cordas, com a evocação de 'Bairro do Amor', para delírio dos fãs. 'Dá-me lume' fez regressar a banda e a faceta rock/blues embebida em boémia voltou a levar Jorge Palma ao piano, onde a memória fez esquecer mais uma vez parte da letra, mas onde apesar de tudo (como já acontecera noutras ocasiões) a música não parou, nem a canção descambou.
'Valsa de um Homem Carente' continuou a desfiar o baú do seu repertório e o copo de vinho começou a estar mais presente na mão de Palma, até aí acompanhado da garrafa de água. Como que um brinde aos amigos, o cantor chamou Flak e outros convidados e evocou Zé Pedro, ao "estrear" a guitarra eléctrica e o lugar que este ocupara no Palma's Gang. E foi ao jeito deste antigo projecto de Jorge Palma, que se fez soar, em ambiente de bar/garagem e de rock crú, o socialmente crítico 'Portugal, Portugal'.
No encore, ao piano, deu «mais duas para a estrada»: 'Canção de Lisboa' e 'A Gente Vai Continuar', com que terminou em beleza um concerto, que mais do que trazer um Jorge Palma no seu auge revelou um artista que se tentou comprometer com o público. Foi um Jorge Palma contido q.b e esforçado duplamente, pelo esforço vocal que fez, apesar dos problemas na garganta, e sobretudo pelo esforço em não desiludir o Coliseu.
E assim se passaram quase duas horas, com a sensação que ficaram tantos outros poemas por cantar."
Ana Tomás
que maravilha!!!!!
grande concerto o de ontem...como sempre!
'Olá', eu digo. Com um público assim eu não poderia ter acompanhado mais a 'Valsa de um Homem Carente'.
Pergunto como se pode ficar indiferente e ausente de movimento a tamanha genialidade.
É entrar em pleno VOO.....
Bravo Palma e obrigada mais uma vez por deixares momentos como os de ontem na história da vida de pessoas como eu.
Um beijo. Ana Jordão
Lá fui eu com a minha namorada! Ela adorou ... eu gostei! Mas sinto que poderia ter sido bem melhor ... mas pelo que me consta ... o público do JP gosta é de ver o "rapazinho" desalinhado!
é pena que certos auto-intitulados jornalistas da nossa praça tenham um comportamento esquizofrénico... repare-se no Sr. Davide Pinheiro, que no DN diz uma coisa completamente diferente do que diz no DiarioDigital...
doravante, tudo o que for assinado por este senhor, em termos de reportagem ou criticas, será lido (se o for) apenas para me divertir... comparando o que diz e desdiz.
Mais ainda: ou o Davide Pinheiro não esteve no Coliseu dos Recreios, ou não percebe nada da discografia de Jorge Palma, dado que o tema Na Terra dos Sonhos" não fez sequer parte do alinhamento destes concertos.
Jornalismo deste dispensa-se, muito obrigado!
enquanto me lembrar do coliseu tão vazio de almas perante a própria alma vazia do jorge, nao o quero ver novamente.... ele foi "vender" o disco novo e esqueceu-se de quem o foi ver! onde esteve a "terra dos sonhos", a"maça de junho"....e tantas outras,jorge? eu..."quero o meu dinheiro de volta"!!!
Eu apenas fui ao Porto... sabia que os temas iam ser quase todos do novo álbum... não foram todos, foram cerca de 40%. Por acaso, Na Terra dos Sonhos e Maçã de Junho ou Trapézio não fizeram parte do alinhamento. 2 horas e meia não dá para tocar tudo aquilo de que se gosta de Jorge Palma. Mas não me considero enganada, antes pelo contrario- até me surpreendeu pela quantidade de temas extra Voo Nocturno tocados.
Desta vez - em 3 concertos no Coliseu do Porto, caro Mestre, não quero o meu dnheiro de volta... quero sim mais concertos como esse!!
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