Obrigado por seres assim
Obrigado por existires, obrigado por seres assim, Jorge Palma. Este bem podia ser o grito de um Coliseu do Porto a abarrotar e que vibrou o tempo todo com o concerto protagonizado pelo autor de «Voo Nocturno». Ao fim de mais de duas horas de concerto, o público que lotou o Coliseu do Porto ovacionou de pé Jorge Palma, que protagonizou um grande concerto, em que apresentou o seu mais recente álbum, «Voo Nocturno», mas ofereceu ainda mais algumas pérolas do seu vasto repertório. Do disco editado este ano, apenas ficou de fora «A Velhice», que é coisa que parece não tocar Jorge Palma, que apesar da passagem do tempo mantém uma jovialidade e energia em palco impressionantes. Perante uma plateia entre os oito e os 80 anos – era grande a fatia de público cuja idade roçava a do artista (57 anos), ou a ultrapassava mesmo –, Jorge Palma foi igual a si próprio, ou seja, boémio, desembargado, (etilicamente) bem-disposto e tirando sempre um enorme gozo de todos os instantes em palco. As duas noites de concerto no Coliseu de Lisboa que antecederam a vinda à Invicta assassinaram, e de que maneira, a voz de Palma, mas mesmo assim o seu empenho foi notável. “Gostava de estar um bocadinho melhor da voz… mas a gente está a divertir-se na mesma”, referiu a determinada altura, tendo anteriormente atirado: “Já ia um tinto… Tinto é bom”. Após degustar o precioso líquido, o certo é que a voz ficou mais aconchegada e o concerto prosseguiu com a empatia palco/plateia a ser perfeita. Isto sem antes o público ter ficado algo desconfiado com a falta de voz de Palma. Porém, a qualidade das composições e a forma abnegada com que Jorge Palma e Os Demitidos se entregam à interpretação das canções tudo passa para segundo plano. Daí, que o público, apesar de tudo, ficasse rendido desde os primeiros acordes de «Rosa Branca», tema que abriu o concerto. Por entre as canções de «Voo Nocturno», Jorge Palma, que se dividiu entre a viola e o piano e que contou com diversos convidados – como o filho Vicente Palma, o acordeonista Gabriel Gomes, ou o guitarrista Flak – desfiou ainda alguns dos seus temas mais marcantes. «Frágil», Deixa-me rir», «Dá-me lume», «Bairro do amor», «Tempo dos Assassinos», «Dormia tão sossegada», «Só», «Escuridão (vai por mim)», «Disse fêmea», «Só mais uma história», «Portugal, Portugal», ou «Acordar tarde» (poema de Al Berto) foram alguns dos momentos que mais entusiasmaram o público. A anteceder o «encore» – «Canção de Lisboa» e «A gente vai continuar» – Jorge Palma foi convidado pela presidente da Associação de Planeamento da Família, Manuela Sampaio, para sócio honorário da instituição… É caso para dizer: “Siga a valsa"..."
1 comentário:
Não estive em nenhum dos Coliseus, mas fui a Guimarães e estive ontem em Barcelos.
Devo dizer que ontem este senhor deixou um auditório lotado a aplaudir em pé e, se todos gostaram tanto como eu, também algo arrepiados.
Muito muito bom.
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