domingo, julho 01, 2007

Voo Nocturno na comunicação social

" O mestre ainda canta Deixem Voar este sonho"
'Voo Nocturno' colocado no mercado

Logo ao fim do primeiro cigarro, Jorge Palma confessa-se, inclinando-se sobre o gravador: "A minha vida tem estado muito agitada. Não sou um tipo muito certinho, nunca fui. E a rotina que nunca tive está cada vez mais distante." A "vida real", como Palma gosta de a apresentar, continua a ser fonte de surpresas, uma e outra vez. "Pensei que quando um homem chegasse perto dos 60 anos soubesse tudo sobre a vida. Estava enganado." Então escrevem-se canções para "despistar o destino". Um exercício de autocorrecção, de "autocomiseração, indispensável ao ser humano", que Jorge Palma insiste em manter vivo. Voo Nocturno é o novo álbum do cantautor que hoje é editado. "É um disco pessoal, não o sei fazer de outra forma."
Em 2005, Jorge Palma editou Norte e apresentou-o como manual de sobrevivência, novo rumo para quem se julgava perdido. "Na altura falava sobre o valor da sobriedade, da sua importância para nos fazermos gente." Agora, em Voo Nocturno, o trovador canta "Não tenho nada. Porque arrasei o que não quis em nome da estrada". Quer gozar o tempo que diz ser "pouco e valioso". O dele e o de todos. Olha para o futuro com memória viva do passado, orgulha-se de exageros e e diz que a sobriedade é apenas um estado de espírito. "Sei que podia ter tido uma vida diferente, que podia ter magoado menos pessoas. Mas não me arrependo de nada. No princípio da carreira cantava Deixem Voar Este Sonho. Foi só isso que fiz. E ainda faço."
Iniciou-se nos discos em 1972 com The Nine Billion Names of God. Na altura estava mergulhado em rock - "mais progressivo, Genesis ou Yes". Pegava na guitarra e tocava no primeiro sítio em que pudesse ter alguém para o ouvir. "Se agora não faço planos, na altura muito menos. Era a fase da grande rebaldaria." E para construir Voo Nocturno viajou até ao início, por entre tudo o que aprendeu. Aos 57 anos, sabe que a idade representa "muita informação". O novo álbum está recheado de rock - "sou um rock'n'roller ainda por descobrir", diz--nos - mas passa tanto por "Monteverdi como por Sam The Kid. É preciso é saber processar os dados. Esse é o grande desafio". Ao mesmo tempo, gosta de complicar, de dar a volta ao que está arrumadinho. Aluno de conservatório, aprendeu a ser músico "com o Liszt e o Rachmaninov" e procura sempre o acorde que não surge ao primeiro impulso. Em 2007, Jorge Palma ouve Só, álbum de 1991 com temas antigos reintrepretados ao piano, e pasma: "Há coisas ali que já não consigo fazer, mas inspiram-me." Escreve Olá (cá estamos nós outra vez) continuando a narrativa que iniciou em 1985, com Nunca é Tarde para se Ter uma Infância Feliz. E vai "roubando" o bom que a história da música tem para lhe dar - "O Paul Simon, por exemplo, ainda é um dos meus heróis", diz orgulhoso.
Com o cinzeiro cheio e sem tabaco, pede um cigarro a quem passa. "Jorge, dás-me um autógrafo?" Não tinha mais de 30 anos mas era fã confesso do músico. Palma conhece o seu público e diz-nos: Voo Nocturno "não vai desiludir quem canta os refrões nos meus concertos". Fala em "palmaníacos" e nos muitos blogues "que se escrevem por aí". Oferece-se aos fãs, porque o entendem e o estimam, mas só até ao ponto em que lhe chamam mestre. "Isso faz-me sentir velho. O mestre tem muito peso. Mas percebo-o. É uma questão de respeito, quer dizer que me entendem, que me levam a sério e procuram compreender o que escrevo e canto. Mas não quero ter a responsabilidade de ensinar seja o que for. Ainda estou a aprender e acho que vou continuar a fazê-lo." Toca o telemóvel. Jorge Palma despede-se, um abraço e um agradecimento: "Vemo-nos por aí. Só quando tiver 70 anos é que vou tocar em casinos e hotéis e cantar As Time Goes By. É uma lição de vida."
P.S: No suplemento Ipsilon do Público de sexta feira passada, dia 29, está incluída uma entrevista a Jorge Palma, acompanhada por uma crítica ao álbum; e ainda..na RTP...n' O Primeiro de Janeiro...Sol...Fnac...revista NS de sábado, dia 30, incluída no Jornal de Notícias e Diário de Notícias...DN Madeira...Jornal de Notícias...Correio da Manhã...Diário Digital...Rádio Comercial...Jornal da Madeira...Destak..uma interessantíssima análise feita por Jorge Palma a cada tema do disco no Jornal de Letras de 4 de Julho...Focus...
* este post está em constante actualização dado o volume de informação a que vamos tendo acesso

2 comentários:

Belinha Fernandes disse...

Para mim este blog é uma maravilha...e por isso indiquei-o para as 7 MARAVILHAS DA BLOGOSFERA!

Anónimo disse...

Hehe gracias!